
Sublimações
O título da série faz referência ao fenômeno físico da sublimação — a passagem direta do estado sólido ao gasoso — e funciona aqui como metáfora para a transformação do visível em sensação. A paisagem não se fixa: ela escapa, rarefeita, em direção ao indeterminado.
Dando continuidade à investigação sobre zonas de transição, esta série adentra um campo ainda mais instável: aquele em que o visível começa a se dissolver em impressão. A paisagem já não é percebida como estrutura, mas como sensação, movimento e atmosfera.
As fotografias estabelecem um campo de tensões entre a descrição e a sugestão. Algumas conservam a nitidez do mundo visível: o traçado das montanhas, a textura da vegetação, o reflexo preciso sobre a água. Outras se deixam atravessar por gestos de câmera, sobreposições e deslocamentos temporais. Entre essas duas forças :o instante reconhecível e o tempo expandido, Cazzaniga constrói uma paisagem que oscila entre presença e devaneio.
Cada imagem nasce do atrito entre experimentação e controle formal, entre o gesto e a estrutura. A paisagem não se apresenta, ela se insinua. Há aqui uma sublimação do visível — um deslocamento em que forma, matéria e tempo perdem contorno, convidando o olhar a se demorar no que escapa.
























